Fluxo de Caixa – Uma ferramenta indispensável para a gestão financeira

Tempo de Leitura: 8 min.

Fluxo de Caixa – Uma ferramenta indispensável para a gestão financeira

Sistema de Gestão Financeira para MEI e Pequenas Empresas de Serviço


Fluxo de Caixa é o relatório usado pelas empresas para controlar a entrada e saída de dinheiro que promovem alterações no caixa. É através dele que o gestor financeiro consegue entender como está a liquidez do negócio.

É antiga a necessidade dos empresários em possuir ferramentas que lhe permitam planejar a realidade financeira de seus negócios. Neste artigo vamos conversar sobre uma das principais ferramentas desenvolvidas para a gestão financeira: O Fluxo de Caixa.

O fluxo de caixa vem se tornando uma poderosa ferramenta para a gestão financeira e pode ser usado em qualquer tipo e porte de empresa.

Utilizar o fluxo de caixa é em última análise, compreender o processo de liquidez da empresa. Com ele é possível identificar que atividades estão liberando ou retirando recursos do  capital de giro. Essa informação é extremamente importante. Vejamos porque!


Capital de Giro e a Empresa

Pode parecer contraditório para você neste momento mas a geração de caixa, para a sobrevivência da empresa, é mais importante que a geração de lucro.

Sempre afirmo que capital de giro é o oxigênio da empresa e que sem ele, a empresa morre! E se ela morrer, acaba a fonte de lucro.

Se então o que mata uma empresa não é a ausência de lucro e sim a falta de capital de giro (caixa), o que você acha que é mais importante controlar?

Captou?

Veja bem, a sua empresa pode estar apresentando excelente resultados contábeis (lucro) e mesmo assim estar com problemas de caixa. Não se esqueça que o lucro é um conceito contábil, ou seja, ele é baseado em algumas premissas dentre elas a apropriação das receitas e despesas pelo regime de competência. Aliás, essa é a maior diferença entre os relatórios contábeis e os financeiros.

Os relatórios financeiros como o fluxo de caixa se utilizam do regime de caixa, ou seja, a apropriação só é feita quando o evento (receita ou despesas) realmente acontece.

A análise do fluxo de caixa permite que a empresa perceba antecipadamente os sintomas da fragilização do capital de giro, fornecendo ferramentas e tempo hábil para a correção das distorções.


Há muito tempo que uma empresa pode operar sem lucros por muitos anos, desde que possua um fluxo de caixa adequado. O oposto não é verdade. De fato, um aperto na liquidez costuma ser mais prejudicial que um aperto nos lucros.
Peter Drucker



O Fluxo de Caixa

Bem, depois dessa breve explicação sobre o capital de giro, vamos falar agora sobre a nossa estrela, o fluxo de caixa.

Chamamos de fluxo de caixa o relatório de captura e registra todos os valores que promovam alguma alteração no saldo de caixa da empresa.

Ou seja, ele representa todas as entradas e saídas de moeda (depósitos bancários, transferências, cheques, etc.)  na empresa em determinado período de tempo permitindo compreender e analisar os resultados.


Organização e Estrutura

Para elaborar o fluxo de caixa, é necessário entender a sua estrutura.

Estrutura básica

  • Contas a Pagar
  • Constas a Receber
  • Plano de Contas da Tesouraria
  • Saldos Bancários


Contas a Pagar

Aqui, acredito que não há muito o que dizer. As contas a pagar representam todos os compromissos financeiros assumidos pela empresa para a execução das suas atividades. Entram nesse grupo:

  • Pagamento de Fornecedores
  • Pagamento de Funcionários
  • Pagamento de despesas fixas (água, luz, telefone, etc.)
  • Pagamento de Impostos

Contas a Pagar
Contas a Pagar


A boa organização das contas a pagar é fundamental para que a empresa possa manter o controle sobre o seu passivo.


Contas a Receber

Esse é o chamado lado bom das contas. Aqui estão concentradas todas as entradas financeiras no negócio relacionadas à atividade de vendas. São consideradas contas a receber:

  • Vendas à vista
  • Vendas à prazo

Contas a Pagar
Contas a receber


Como são essas vendas que irão manter o negócio girando, sua organização e controle é fundamental para que não existam estrangulamentos de caixa.


Plano de Contas da Tesouraria

O plano de contas é uma estrutura de vários níveis que permite decompor e agrupar entradas e saídas em contas e subcontas comuns de forma a facilitar a organização, análise e compreensão do que está ocorrendo com o fluxo de caixa.

Diferente do Plano de Contas utilizado pela contabilidade, o plano de contas da tesouraria não segue normas formais. É considerado a espinha dorsal do relatório de fluxo de caixa.

Deve ser simples sem muitas subcontas (aconselho no máximo 3 níveis) e aderente às necessidades de classificação do negócio.

Se o plano de contas da tesouraria for bem estabelecido, ou seja, representar as necessidades de classificação das entradas e saídas, o relatório de fluxo de caixa se tornará uma excelente ferramenta para entender a formação da liquidez.

Caso contrário, apenas servirá como repositório de dados sem fornecer a informação esperada para a gestão financeira.


Os Saldos Bancários

Obviamente representam todo o dinheiro disponível nas contas bancárias que a empresa possui.

É um elemento fundamental para que seja possível analisar como está se comportando a liquidez da empresa.

Para que exista a confiança nestes valores o gestor financeiro deve fazer, se possível, a conciliação bancária dos saldos diariamente.


Fluxo de Caixa Realizado e Projetado

Posso dizer que o fluxo de caixa possui duas características com relação a sua posição no tempo: realizado e projetado.


Fluxo de Caixa Realizado

O fluxo de caixa realizado é o resultado das entradas e saídas de dinheiro da empresa que já aconteceram.


Fluxo de Caixa Projetado

O fluxo de caixa projetado se relaciona com o planejamento financeiro, já que é o resultado das entradas e saídas de dinheiro da empresa que se imagina que ocorrerão.

É a partir desse conhecimento que a empresa começa a poder planejar e corrigir a estrutura de receitas e gastos, mantendo a saúde financeira do capital de giro.


Se você possuir (recursos) suficientes, então o fluxo de caixa não é importante. Mas se você não os possuir; nada é mais importante. É uma questão de sobrevivência. Fique acima da linha e tudo bem. Fique abaixo e você está morto.
Goldratt e Cox



Modelos de Fluxo de Caixa

A princípio podemos dividir o fluxo de caixa em dois modelos quanto a forma de estruturação: Direto e Indireto


Modelo Direto

O fluxo de caixa direto é o mais utilizado principalmente pelas pequenas empresas. É obtido através da atividade principal da empresa. Tem a capacidade de mostrar apenas as alterações da conta Disponível (caixa, bancos, etc.). Não é influenciado por outros fatores, como rentabilidade da empresa ou giro do estoque.


Modelo Indireto

O fluxo de caixa indireto é o resultado de todas as alterações que podem liberar ou retirar recursos da empresa. Para a sua estruturação e análise é necessário conhecimento básico de contabilidade. É um modelo mais indicado para empresas maduras com relação a gestão financeira. Pode ser considerado uma evolução do fluxo de caixa direto.


Quanto ao regime

Finalmente, com relação a conceituação do fluxo de caixa, é muito importante você saber que ele é regido pelo regime de caixa

Para você entender rapidamente, existem duas formas de se registrar os lançamentos financeiros: os regimes de competência e de caixa.  O regime de competência é utilizado pela contabilidade e o de caixa, pelo financeiro. A diferença entre esse dois modelos está na forma de registrar o que entra e sai de dinheiro da empresa.


O Regime de Competência

No regime de competência, o registro do evento se dá na data que o evento aconteceu. A contabilidade define o regime de competência como sendo o registro do documento na data do fato gerador (ou seja, na data do documento, não importando quando vai ser pago ou recebido). 


O Regime de Caixa

Já no regime de caixa, é o oposto, onde consideramos o registro dos documentos na data de pagamento ou recebimento, como se fosse uma conta bancária. Neste caso, o financeiro utiliza o regime de caixa, ou seja, contabilizando as receitas e despesas dentro do mês onde foram pagos ou recebidos.

Essa diferença é fundamental e faz com que novamente eu frise a importância dos relatórios contábeis, como balanço patrimonial e DRE para a estratégia do negócio. Fique atento!


Controlando o Fluxo de Caixa

Tão importante quanto desenvolver o relatório de fluxo de caixa, é manter o controle rigorosamente em dia. Em finanças isso pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Mas o que deve ser feito então nesse sentido? Vejamos:

  1. Controlar as informações que são inseridas – É de extrema importância controlar todas as informações que são inseridas no relatório para que não existam dados duplicados ou mesmo, informações ausentes.
  2. Fazer a conciliação bancária – Sem essa ação o fluxo de caixa pode se tornar mera ficção. Conciliar diariamente os saldos bancários com o relatório é fundamental para garantir a qualidade das análises. Não existe tolerância…tudo deve estar registrado.
  3. Definição de processos – Toda empresa possui processos, estruturados ou não, que representam a forma como determinada atividade é realizada. Definir quem é responsável pelo o que com relação ao processo que vai desde a compra até a apropriação e pagamento da despesa trará enorme agilidade e organização para a empresa.


Analisando e Planejando os Resultados

Agora sim, chegou o momento de utilizar o fluxo de caixa para tomar decisões estratégicas.

É nessa fase que você vai decidir o que precisa ser feito para manter a liquidez da empresa.

Analisar os resultados é fundamental para fazer correções e ajustes. Mas lembre-se que o fluxo de caixa é feito basicamente para se entender a formação dos saldos da empresa. Não é correto se utilizar deste relatório para por exemplo analisar indicadores econômicos ou mesmo custos e despesas. Esses, devem ser analisados através de relatórios que utilizem o regime de competência para a sua elaboração.

A ideia aqui é ter sempre um horizonte de pelo menos 3 meses a frente para que seja possível tomar alguma medida, caso exista a previsão de excesso ou abundância de dinheiro.

Isso mesmo, também é função do gestor financeiro saber como utilizar o caixa excedente. Não é produtivo nem recomendável deixar o dinheiro parado na conta corrente. Por isso, nessa situação é preciso definir o que pode ser feito: reinvestimento na empresa, investimento em renda fixa ou variada por exemplo.

Enfim, é preciso entender a estratégia do negócio para saber o que trará mais resultado. Apenas um conselho: tente criar e manter uma reserva de emergência de no mínimo 3 meses de necessidade de operação. Esse dinheiro pode lhe ajudar muito em momentos extremos, com em crises econômicas por exemplo.


Minha Empresa Precisa ter um Fluxo de Caixa?

Você pode estar pensando que o fluxo de caixa não é necessário já que o seu controle é feito por meio da contabilidade. Pera lá!

Como já disse, existem enormes diferenças entre os relatórios contábeis e financeiros. Além disso, existem mais dois motivos:

  1. Os relatório contábeis registram o que já aconteceu com a empresa, ou seja, olham para trás;
  2. O que quebra a empresa é falta de caixa e não de lucro.

E mais, com o relatório de fluxo de caixa estruturado você vai poder:

  1. Saber se a empresa está gerando caixa suficiente para financiar as suas operações;
  2. Quanto pode ser retirado do caixa a título de dividendos (lucro) e investimentos;
  3. Qual a capacidade de endividamento;
  4. Por que a empresa gera lucro e não tem caixa.

Acho que esses são motivos reais e suficientes para você começar a implantar o fluxo de caixa na empresa. Não é?



Resumindo

O fluxo de caixa é a principal ferramenta de controle financeiro, principalmente para as pequenas empresas.

Deve ser elaborado apropriando-se todas as entradas e saída de dinheiro do caixa e organizado em contas da tesouraria.

Pode ser estruturado em fluxo de caixa direto e indireto. O modelo direto é o mais utilizado em planilhas e softwares de gestão financeira

Apresenta duas característica temporais: realizado e projetado.

É regido pelo regime de caixa, ou seja, os registros são feitos na data de pagamento ou recebimento, como em uma conta bancária.

Com ele você vai entender a sua estrutura de receitas e gastos podendo assim, corrigir eventuais distorções antecipadamente.

Por fim, elaborar o relatório de fluxo de caixa não é o fim do trajeto. É necessário controlar e gerenciar os resultados, através da conciliação bancária e da criação de rotinas para a sua organização.

Se você está com problemas para gerenciar as finanças do seu negócio, entre em contato com a Consultei. Sem compromisso, vamos conversar um pouco e entender como podemos ajudar você e a sua empresa.

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Décio Muniz

Empreendedor e Gestor Financeiro. Possui longa experiência em funções gerenciais dentro de diversas empresas. É especializado em Gestão e Finanças por duas das melhores escolas de negócio do país: Ibmec e FGV. Em 2017 fundou a Consultei seguindo o seu desejo de ajudar as pequenas empresas a se desenvolverem através da organização e controle da Gestão Financeira.
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