Os 5 Pilares da Gestão Financeira

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Os 5 Pilares da Gestão Financeira

Sistema de Gestão Financeira para MEI e Pequenas Empresas de Serviço

Os 5 pilares da gestão financeira são a base para que qualquer empreendedor ou gestor financeiro seja capaz de  gerir, de forma eficaz, as finanças do seu negócio. Eles podem e devem ser usados em qualquer tipo e tamanho de empresas.


A gestão financeira em qualquer empresa é sustentada por 5 pilares básicos. Sem eles é pouco provável que qualquer empresário consiga organizar, manter e utilizar a gestão financeira como um instrumento estratégico para o negócio.


Podemos descrever esses pilares como: Responsabilidade financeira, controle financeiro, análise financeira, planejamento financeiro e finalmente, a estabilidade financeira.


Pilar #1 – A Responsabilidade Financeira


A falta de educação financeira, problema tão comum entre os brasileiros, tem trazido enormes problemas para os pequenos negócios. Quando o sócio acha que todo dinheiro do negócio é seu e que com ele, pode fazer o que bem entender…..a luz amarela começa a piscar.


Conforme nossas consultorias, percebemos que esse desconhecimento está por trás da maioria dos problemas financeiros das pequenas empresas. A empresa até vende bem, mas não sabe onde o dinheiro vai parar.


Mas antes de começar e preciso deixar claro algumas coisas. Normalmente existe uma confusão entre os conceitos de pró-labore e lucro.


O Pró-Labore


Pró-labore é a valor mensal (fixo) retirado pelo sócio a título do seu trabalho na empresa. Em linhas gerais podemos dizer que é o salário do sócio que trabalha na empresa. Por tanto, só tem direito ao pró-labore o sócio que trabalha na empresa. Captou?


Já o lucro é tudo aquilo que sobra de dinheiro depois de pagar todas os custos e despesas. É o resultado do trabalho bem feito! Tem direito ao lucro o sócio que trabalha na empresa e o que não.

Logo, resumindo, o sócio que trabalha na empresa tem direito ao pró-labore e ao lucro. O que não trabalha apenas ao lucro. Ficou claro?


Tudo isso para dizer que se você é sócio de uma empresa, é necessário entender qual é a sua posição e definir os seus gastos, o seu padrão de vida, de acordo com o que é seu de direito e com as possibilidades do negócio.

Jamais confunda faturamento com lucro. São coisas completamente diferentes!
Décio Muniz



Voltando ao assunto, o que encontramos de forma recorrente em nossos clientes são uma confusão financeira entre sócio e empresa. Normalmente existe uma contaminação entre essas duas “entidades”, o que é extremamente tóxico para a estabilidade financeira do negócio.


Em muitos casos essa mistura é tão forte, que é comum a empresa e o sócio terem a mesma conta corrente. Um total absurdo!


Já vi empresas passarem dificuldades não por falta de vendas, mas sim pela ação irresponsável do sócio, desesperado por manter o seu padrão de vida.


É claro que qualquer empreendedor monta o seu negócio para resolver um problema e gerar lucro. Isso não é crime. O crime é drenar a empresa de forma irresponsável, deixando fornecedores e funcionários desamparados. 


Imagine se você fosse um funcionário e visse toda essa situação acontecer. Agora imagine que logo depois disso, chega a notícia de que seu salário vai atrasar!

Isso acontecendo claro, enquanto os seus chefes estão andando de carro importado ou viajando. Você acharia isso justo? Você vestiria a camisa deste negócio? Pense nisso!


Esse é um caminho muito perigoso para a sobrevivência da empresa e um reflexo total da falta de educação financeira. Misturar o caixa pessoal com o da empresa é suicídio.


A boa notícia é que podemos dizer que resolver esse problema exige apenas algumas ações a consciência do sócio. Como sempre, sem sua ajuda, nada feito!


Aqui na Consultei aconselhamos 5 ações básicas para resolver isso: 

  1. Separar as contas bancárias. Literalmente. Crie uma conta para a empresa e outra para você. De preferência em bancos diferentes para não haver desculpas.
  2. Organizar as suas finanças pessoais e entender quanto você precisa para viver mensalmente. Criei um orçamento pessoal em uma planilha ou app. Indico o Organizze. Lançe todas as suas despesas e faça uma análise do que pode ser reduzido ou eliminado. Faça um orçamento base zero!! Pense que você está começando agora a sua vida e só coloque no orçamento aquilo que é extremamente necessário para a ela funcionar. A princípio, sem luxos. Assim você vai saber qual é o mínimo necessário para manter você e a sua família de forma digna.
  3. Defina um pró-labore de acordo com o que o mercado pagaria para um pessoa fazer o mesmo que você faz dentro da empresa e claro, de acordo também  com a capacidade de pagamento atual do negócio. Não adianta querer receber 5000 reais se neste momento a empresa só pode pagar 2000. Conselho…esse valor deve ser no mínimo igual ao que você tem no seu orçamento pessoal. Caso ele seja menor, não aumente imediatamente os saques da empresa. Volte ao seu orçamento e revise novamente.
  4. Busque o Lucro. É através do lucro que a empresa e o empresário conseguem a estabilidade financeira. Sem ele, você vai ficar correndo atrás do rabo. Parece incrível falar isso, mas muitas empresas são tão desorganizadas financeiramente que é até difícil saber até se existe ou não Lucro. 


Com o orçamento pessoal equilibrado com o pró-labore, o lucro será lucro. Ou seja, será um extra para você investir.

É assim que se atinge a prosperidade financeira!


O Uso dos Recursos da Empresa


Ah! Já ia me esquecendo. A responsabilidade financeira não deve existir apenas no uso do dinheiro e sim em todos os recursos da empresa. Por exemplo: se a sua empresa é de engenharia, não utilize os funcionários para fazer pequenos reparos na sua residência ou se for um minimercado, não faça compras regularmente no sem pagar por isso.


Vale até descontar do pró-labore do mês, mas tem que pagar. Se você “dono” tiver esse comportamento, ou seja der o exemplo, ninguém terá autoridade moral para fazer diferente.

Seja o exemplo. Isso é realmente eficaz para a sua imagem junto aos funcionários e quando já existem herdeiros trabalhando no negócio. Ok?


Então fique esperto e se você está passando por isso, mude o quanto antes. Implante este pilar o mais rápido possível, porque sem ele, os outros 4 não funcionarão adequadamente.


Pilar #2 – O Controle Financeiro


De acordo com as estatísticas do SEBRAE e do IBGE, com relação as pequenas empresas, 85% não sabem o que é gestão financeira e 74% das empresas que fecharam as portas não acompanham regularmente as finanças. 


Isso é simplesmente descontrole financeiro! E se uma empresa não tem controle, ela também não tem informação para tomar decisões. E o que mata o negócio é tomar decisões erradas. Porque meus caros, criar uma empresa de sucesso depende basicamente de tomar mais decisões certas do que erradas, claro sempre com informação. Com dados! Esse é o segredo.


Por isso é importante manter um sistema de controle financeiro. Para que ele gere análise, planejamento e finalmente, a estabilidade financeira.


Mas infelizmente isso não é o que tenho visto na prática. A experiência me mostrou que temos quase uma cultura de desorganização sendo passada de pai para filho como se fosse o correto, o normal a se fazer.


Existe muito a ser feito se o seu negócio ainda não consegue controlar a entrada e saída de dinheiro de forma segura, mas acredite: é perfeitamente possível mudar esse cenário.


Geralmente aplicando apenas alguns passos, já é possível sentir uma grande mudança e melhora nos resultados financeiros. Não vou dizer que é simples, mas é possível.


É importante também mudar a sua forma de pensar. Novamente se você que é o dono não comprar a ideia de criar e manter um controle financeiro, se isso não for importante para você ou para o seu sócio, nada feito. 


Agora se você deseja realmente mudar e implantar a gestão financeira, te recomendo seguir esses roteiro com 3 passos fundamentais.


Passo #1


Mapear os processos de contas a pagar e receber. Toda empresa possui processos estabelecidos só que na maioria das vezes, esses processos estão descritos apenas na cabeça de alguém.


Mapear esses processos, ou seja, entender como eles estão ocorrendo é fundamental para perceber se existe espaço para mudanças e melhorias.


Além disso, é sempre bom deixar os processos chave de cada departamento mapeados, de forma escrita ou desenhados, para que todos entendam o que deve ser feito.

Existem diversas ferramentas para se fazer isso. Eu aqui, gosto muito de usar o SIPOC. Metodologia ágil e simples para entender e descrever um processo.


Passo #2


Depois de mapeados e entendidos os processos de contas a pagar e receber por exemplo, chegou a hora de escolher o “melhor” sistema de gestão que se adeque ao seu negócio.

Afinal, devo usar planilhas ou um software?


Não aconselho o uso de planilha para o controle financeiro. Adoro e uso o excel e o google planilha mas apenas como uma ferramenta de apoio para fazer, por exemplo, análises pontuais e gráficos. Mas não para o controle financeiro do dia a dia.


Existem hoje, excelentes sistemas a preços bem acessível e que facilitarão em muito o processo de manter as finanças organizadas.


Outra coisa, é importante saber também se o seu negócio precisa apenas de um sistema financeiro ou de uma plataforma mais completa como um ERP, sistema de gestão que integra diversas áreas da empresa como finanças, estoques, compras, etc.


Essa definição é essencial para que a ferramenta possa ter aderência ao seu modelo de negócio gerando os resultados esperados.


É muito comum, infelizmente, o abando do uso de sistemas por falta de critérios para a escolha. O preço é importante, mas não pode ser fator fundamental de decisão. O barato pode sair muito caro neste caso!


Passo #3


Neste passo é importante estruturar como serão lançados no sistema as receitas e despesas . Normalmente é nessa hora que aparecem muitos problemas, tais como: omissão de lançamentos, documentos duplicados ou erros de digitação.


Por isso, é necessário definir quem tem poder para autorizar os inputs, as entradas no sistema, e quem fará esse lançamento. É fundamental também, que todo processo tenha um “dono”.


Esse dono, será o responsável pela parte que lhe cabe neste mesmo processo. Seguindo adiante, defina também quais são as informações que devem ser apropriadas e qual será o tratamento dado a esses documentos após o lançamento.  


Paralelo a isso é importante também definir um bom modelo de centro de custos (ou resultados) e o plano de contas da tesouraria que seja aderente ao seu negócio.


Os Centros de Custos


Centros de custos são os centros macros onde são lançadas as receitas e despesas. Eles podem ser projetos ou setores da empresa. Sua função principal é a de agrupar dados e fornecer informação.


O Plano de Contas


Já o plano de contas é uma estrutura de níveis que permite agrupar receitas e despesas de forma a facilitar a análise e compreensão do fluxo de caixa.


Por exemplo: podemos ter uma conta de despesas chamada Despesas com Pessoal e dentro dela uma subconta chamada salários, encargos, benefícios e assim por diante.


Assim fica mais fácil saber quanto estou gastando com pessoal no meu negócio. Entendeu?


Sempre comece com um plano de contas simples, sem exageros, de preferência com no máximo 2 níveis. Evite copiar o plano de contas de outras empresa. Se inspire mas adeque as contas ao seu negócio.


Por fim, não se esqueça de manter uma relação direta com o seu contador. Se as suas finanças estiverem organizadas será mais fácil e rápido para o contador lhe passar informações sobre a saúde econômica do negócio de forma mais assertiva.


Lembre-se que as informações econômicas da empresa, como indicadores, vem dos relatórios contábeis. É preciso manter a contabilidade em dia com informações fidedignas, ou seja, que ela represente a real posição da empresa e não apenas um documento para entregar para o governo.


A contabilidade fiscal é importante mas é apenas uma parte do que a contabilidade pode fazer pelo seu negócio.

A contabilidade fiscal é importante mas é apenas uma parte do que a contabilidade pode fazer pelo seu negócio.
Décio Muniz



Seguindo esses três passos, você muito provavelmente já terá melhores resultados no controle financeiro do seu negócio. Com certeza já será capaz de manter o fluxo de caixa alimentado e organizado. Aliás, o fluxo de caixa é a ferramenta de controle mais importante para o gestor financeiro e deve ser usado diariamente para manter sob controle as finanças. Falei sobre ele neste artigo


Pilar #3 – A Análise Financeira


A análise financeira trata de compreender o que os números, aqueles coletados no pilar #2 com o controle financeiro, estão querendo nos dizer.


Isso mesmo, os números falam! Só é preciso saber ouvir. 


Infelizmente a maioria dos pequenos empresários não conseguem ouvir os gritos de alerta que vem dos relatórios financeiros. E é isso que vem causando tantos problemas ao ecossistema dos pequenos negócios. Lembre-se que uma empresa pode resistir a falta de Lucro, mas não a falta de caixa.


Aprender a interpretar os números e consequentemente, planejar o uso do dinheiro, é o caminho para levar a empresa rumo ao quinto pilar, a estabilidade financeira. Mas como isso pode ser feito?


Bem, se você está começando agora a implantar a gestão financeira no seu negócio, sugiro começar de forma simples e eficaz. Pra isso, você pode usar dois relatório fundamentais para a gestão financeira: O Fluxo de Caixa e a Demonstração de Resultado, a famosa DRE. Vejamos então:


Usando o Fluxo de Caixa


Com o relatório de fluxo de caixa é possível verificar a evolução dos saldos além da relação entre as contas da tesouraria. 


A análise dos saldos mostra ao gestor como está se formando o saldo da empresa. O caixa, o dinheiro a bufunfa! Essa análise pode ser feita por comparação entre períodos diferentes (dias, semanas, meses, anos) e deve responder as seguintes perguntas: o caixa está aumentando ou diminuindo?


Quem está contribuindo mais com a receita? E com as despesas? Terei dinheiro para honrar os compromissos assumido? Essa análise mostra como está a liquidez do negócio, ou seja, a capacidade de pagar as contas utilizando os recursos das vendas.


Seguindo, também é possível fazer as análises verticais e horizontais do fluxo de caixa.


A análise vertical faz a comparação entre as contas e subcontas. Verticalmente! Mostra quanto cada uma representa em relação ao todo (Receitas e Despesas). Já a análise horizontal, como você já deve imaginar, serve para comparar a evolução das contas e subcontas em períodos diferentes.


Ou seja, a análise vertical traz uma visão interna dos números e a horizontal compara esses números, com outros períodos. 


Usando os Relatórios Contábeis


Aqui destaco o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado (DRE). Esses relatórios permitem extrair, além da análise vertical e horizontal como no fluxo de caixa, os famosos indicadores econômicos e financeiros.


São os indicadores que mostrarão um verdadeiro raio x da empresa. Dentre os vários indicadores possíveis, indico alguns muitos importantes: a Margem Bruta, a Margem de Contribuição, o Ponto de Equilíbrio, a Necessidade de Capital de Giro, o famoso Ebitda ou Lajida ( que trata da geração caixa do negócio) e finalmente, o índice de Liquidez (capacidade de honrar seus compromissos).


Entendeu como os relatórios contábeis são importantes para a gestão financeira? Por este motivo é que não canso de dizer que o contador deve ser um dos seus braços direitos e que não é possível mais enxergar a contabilidade apenas como uma obrigação imposta pelo governo.


Ela é fundamental para o sucesso do seu negócio. Se a contabilidade estiver sendo bem feita, ela vai te ajudar e muito, se não, não servirá para nada em relação à gestão financeira. Pense nisso….


Dependendo do sistema de controle financeiro que a sua empresa esteja utilizando, já será possível obter rapidamente algumas dessas análises. Principalmente as relacionadas ao fluxo de caixa.


Agora se o seu sistema não lhe fornece esse tipo de informação nativamente, é hora de usar o poder do excel para gerar informação. Sugestão: Exporte os dados e monte um relatório padrão de análise vertical e horizontal em uma planilha. Faça isso, pelo menos mensalmente. 


O importante é criar o hábito de analisar os números periodicamente. Já disse antes, o financeiro é feito de rotinas e processos. Tem que se dedicar. Nada de deixar para olhar os números apenas na virada de ano. Aí já será tarde, já aconteceu não há mais o que ser feito. 


Crie um roteiro para verificar, pelo menos mensalmente, o fluxo de caixa e a DRE. Analisando esses dois relatórios, com certeza, você terá mais controle sobre a estratégia financeira do seu negócio. 


Pilar #4 – O Planejamento Financeiro


Podemos dizer que o planejamento financeiro é o conjunto de operações financeiras realizadas para atingir um determinado objetivo. E que quanto melhores forem os resultados, melhor terá sido o planejamento financeiro.


As duas principais ferramentas para o planejamento financeiro são: o fluxo de caixa projetado e o orçamento empresarial.


É através destes relatórios que você ou seu gestor financeiro, fará o planejamento financeiro da empresa.


Na verdade, o que acontece na prática, é que as empresas fazem o planejamento financeiro sem saber ou usar qualquer ferramenta de apoio para a tomada de decisão. Ao decidir deixar de comprar alguma produto ou solicitar um empréstimo para compra de uma máquina, ou mesmo ao decidir investir parte do caixa, você está fazendo planejamento financeiro, mesmo que inconscientemente.


Mas não seria mais eficaz tomar essas decisões de forma planejada? Com números e informação na mão para entender quando e como intervir?
Com certeza! Hoje vou te mostrar como a ferramenta de fluxo de caixa pode ser útil para planejar as finanças da empresa.


De novo o Fluxo de Caixa!


O fluxo de caixa é a principal ferramenta de controle da gestão financeira. É utilizado diariamente para controlar os saldos, ou seja, a liquidez da empresa. Mas lembre-se, você só terá um fluxo de caixa confiável, se os outros pilares: a responsabilidade, controle e análise financeira estiverem presentes no seu negócio.


O fluxo de caixa projetado, fornece a inteligência para o planejamento financeiro. Ele lida com previsões e provisões de entradas e saídas que se imagina que ocorrerão em determinado período. Será através dele, que o empresário poderá tomar decisões caso exista no horizonte, a falta ou abundância de caixa. Ok?


Vamos então falar um pouco sobre essas duas situações.


A Falta de Caixa


Essa talvez seja a situação mais comum nos pequenos negócios. Tirando períodos extraordinários, como em crises econômicas, ela acontece na maioria das vezes por falta de gestão financeira.


O ideal é que toda empresa consiga ter fluxo de caixa projetado que mostre um horizonte de pelo menos 6 meses a frente. Assim é possível agir com antecedência e buscar a melhor solução sem estar ainda com a corda no pescoço. É sempre melhor negociar com calma e objetividade. Mas se isso estiver acontecendo no seu negócio agora, que medidas você pode tomar?


Vajamos então:

  1. Renegociar os pagamentos com fornecedores – Caso você perceba que em algum período futuro existirá a falta de caixa para honrar os compromissos assumidos, é possível mudar o vencimento de alguns pagamentos fazendo uma negociação com seus fornecedores. Com certeza, para os fornecedores, é melhor atrasar um pouco o recebimento do que ficar a ver navios. Faça uma negociação baseada na análise do fluxo de caixa projetado, sem achismos. Seja transparente e integro e obviamente, cumpra o que o que for acordado.
  2. Antecipação de Recebíveis – Se a sua empresa vende a prazo,  seja através de boletos ou cartão de crédito, é possível fazer a antecipação do todo ou parte destes valores. Lembrando que o adiantamento de recebíveis é uma das formas mais baratas de financiamento da empresa. Você pode procurar o seu banco ou operadora de cartão para entender os custos e prazos envolvidos.
  3.  Promoções – Outra forma para levantar recursos é fazer promoções de mercadorias ou serviços. Aqui é preciso ter cuidado. Com relação a mercadorias, o ideal é queimar o estoque mais antigo onde já existe uma perda devido ao prazo de estocagem. É fundamental que você conheça o giro e as margens do seu estoque, alem dos custos de vendas, para não gerar prejuízo e aumentar o problema.
  4. Empréstimos Bancários – Buscar empréstimos em instituições bancárias pode ser uma solução caso as medidas anteriores não estejam disponíveis. Busque a linha correta para o que sua empresa precisa e tente sempre a melhor negociação de prazos e juros. Agora, é sempre bom lembrar que toda empresa deveria manter um linha aberta de empréstimo mesmo que não esteja precisando. O ideal, como já disse antes, é negociar justamente quando não há a necessidade de dinheiro. Assim quando as coisas apertarem você já terá essa linha aberta para socorrer momentaneamente o caixa.


Por fim, com relação a falta de caixa, lembre-se que estamos falando aqui de falta de caixa pontual, ou seja, em breves momentos. Por que se isso estiver acontecendo de forma rotineira, significa que a empresa está com um problema de gestão financeira.


Neste caso, é necessário parar e entrar a fundo na operação para entender onde pode estar o problema. Pode ser por exemplo que o ciclo financeiro esteja desequilibrado ou que a precificação está equivocada.


De qualquer forma, não é normal nem saudável a empresa depender fortemente de capital de terceiros para manter a sua operação. Ok?


A Abundância de Caixa


Já com relação a abundância de caixa, ela geralmente acontece quando a gestão financeira está sendo bem executada. É o sonho de qualquer empresário!


Mesmo nesta situação, você ou o gestor financeiro devem tomar medidas para que essa sobra não fique parada no caixa. Lembre-se que essa também é uma das funções do gestor financeiro. Nesta caso, é possível tomar algumas atitudes. Vejamos:

  1. Aplicar o dinheiro – Neste caso você deve procurar a melhor aplicação de acordo com taxa de administração, rendimentos e prazo para resgate. Não aplique todo o dinheiro em um só local. Faça uma diversificação principalmente com relação ao prazo de resgate. É  aconselhável manter parte deste investimento em aplicações de resgate rápido para cobrir qualquer emergência. Tente manter investidos pelo menos o equivalente a 6 meses de gastos necessários para manter a operação (o famoso capital de giro). Assim você cria um colchão para enfrentar momentos de turbulência como em crises econômicas.
  2. Investir na empresa – Também é possível usar essa sobra para investir no próprio negócio. Fazer ampliações ou adquirir equipamentos com capital próprio para aumentar as vendas, pode ser um bom negócio. Faça uma comparação entre o custo de oportunidade e as taxas de empréstimos para decidir pela melhor opção.
  3. Distribuir parte do excesso aos acionistas – Se a empresa já possui um bom colchão para amortecer o negócio nas horas difíceis e não está necessitando fazer investimentos com o capital próprio, é possível fazer a distribuição de lucro de parte desta sobra. Neste caso, verifique além da situação financeira, a econômica junto a contabilidade.


Fique muito atento para não confundir sobra de caixa com lucro. Dependendo do seu ciclo de caixa, você pode receber o dinheiro dos seus clientes antes de começar a pagar os fornecedores.


Isso é muito comum por exemplo para empresas que trabalham com a prestação de serviços de casamentos. Os noivos fazem os pagamentos com antecedência, bem antes do evento. Já o empresário só faz o pagamento dos fornecedores pouco antes ou após o evento, bastante tempo depois de receber. 


Essa variação, pode causar uma falsa sensação de que a empresa é altamente lucrativa quando na verdade grande parte desta sobra já está comprometida, futuramente, com fornecedores.  Neste caso, o empresário é induzido ao erro ao achar que existe uma enorme sobra de caixa. É o que tem levado muitas empresas desse ramo a lona. Mas isso também acontece com frequência com profissionais liberais, como marceneiros por exemplo.


Por isso, se você não controla nem analisa a entrada e saída de dinheiro, seu planejamento será capenga e com certeza equivocado. Como resultado, você estará colocando toda a operação em risco. Achismo na gestão financeira é o primeiro passo para a perda do negócio. Fique atento!


Pilar #5 – A Estabilidade Financeira


A estabilidade financeira é o prêmio que a empresa recebe pelo esforço feito por seus  gestores em gerir corretamente as finanças do negócio. Ela é a cereja o bolo e coroa todo um trabalho desenvolvido ao longo dos anos.


Uma empresa estável financeiramente, é uma empresa que consegue obter resultados em suas vendas de forma que seja possível manter o caixa equilibrado e ainda assim, formar reservas para emergências e investimentos.


Veja o exemplo das gigantes de tecnologia como Apple e Google. Essas duas empresas juntas possuem reservas líquidas de aproximadamente US$ 200 bilhões de dólares. Isso mesmo que você ouviu, US$ 200 bilhões de dólares. Você pode até estar pensando que para eles é fácil, afinal se tratam de dois gigantes da tecnologia. Mas…Não é bem assim pequeno gafanhoto!


Gestão financeira é gestão financeira em qualquer lugar. Se os pilares não estivessem sido implantados em algum momento nestas empresas, com certeza elas não estariam colhendo esses resultados. 


Com esse dinheiro em caixa, Apple e Google podem ter mais segurança para traçar planos e tomar decisões como investir em novos produtos, adquirir concorrentes ou mesmo manter parte deste montante trabalhando para eles, na forma de rendimentos.


Além de ser uma enorme vantagem competitiva, pois uma empresa estável financeiramente é capaz de crescer e de se perpetuar mais facilmente, a estabilidade financeira alivia de forma significativa estresses e preocupações.


Você tem alguma dúvida que é melhor gerir uma empresa com uma caixa equilibrado e reservas financeiras, do que uma completamente descapitalizada. Eu não!


Afinal, viver as turras com o caixa do negócio é uma das principais fontes de cabelo branco em qualquer empresa.


Mas como já disse antes, não existem atalhos ou caminhos mágicos. Você precisa começar o quanto antes e manter-se firme. É preciso criar uma cultura de gestão financeira dentro da empresa. Nada de começar e parar pelo caminho. Consistência é o nome do jogo!


Também não adianta montar uma bela gestão financeira e ser irresponsável no uso dos resultados.

Muitos empresários não sabem como otimizar o lucro. Sempre aconselho a dividir, esse lucro, em 3 partes: uma para reinvestimento no negócio, outra para reservas financeiras e a última obviamente para a divisão entre os sócios como prêmio de um trabalho bem executado.


Se você seguir essa cartilha, em muito pouco tempo terá um negócio equilibrado financeiramente. Não tenho dúvida disso.


Por fim, lembre-se que a estabilidade financeira é o resultado de uma boa gestão financeira. Ela é o reflexo das suas ações como gestor na organização e no uso do dinheiro das vendas. Depende de você querer mudar. Aprenda a manter os custos sempre abaixo das receitas e seja extremamente responsável na aplicação dos recursos. Ok? 


Finalizando


Sei bem como esse assunto é muito sensível para os empresários e empresárias , portanto caso você tenha ficado com alguma dúvida, deixe o seu comentário. Todos serão respondidos com muito prazer. 


Agora, se você quer saber mais sobre como a Consultei pode ajudar o seu negócio a implantar os 5 pilares da gestão financeira, entre em contato comigo. Vamos conversar um pouco e entender como podemos te ajudar.

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Décio Muniz

Empreendedor e Gestor Financeiro. Possui longa experiência em funções gerenciais dentro de diversas empresas. É especializado em Gestão e Finanças por duas das melhores escolas de negócio do país: Ibmec e FGV. Em 2017 fundou a Consultei seguindo o seu desejo de ajudar as pequenas empresas a se desenvolverem através da organização e controle da Gestão Financeira.
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