O que você vai ler aqui:
Que o Brasil é um país hostil para os negócios, não há a menor dúvida. Só que ao mesmo tempo em que essa hostilidade ceifou a vida de muitas empresas, fez também com que nos tornássemos mais resistentes e criativos, e é por isso que os gestores brasileiros, principalmente os financeiros, se dão muito bem quando são expatriados. A dificuldade forja essa turma que ao chegarem em sistemas mais equilibrados e estáveis, nadam de braçada. Mas das dificuldades nascem as melhores soluções. E uma dessas soluções criativas que praticamente só existem no Brasil são os Prazos Médios.
Fornecer prazo de pagamento ou recebimento para tudo é uma “invenção” da nossa economia. Se você já visitou outros países, percebeu que só existe prazo de pagamento para bens de valor elevado, como casa ou veículos. O resto, é pago à vista.
Muito legal, mas atenção!
É preciso ter muito cuidado com esses indicadores. Eles basicamente determinam a Necessidade de Capital de Giro – NCG da empresa (saiba mais sobre a NCG aqui). Se bem administrado, podem lhe dar uma vantagem competitiva. Se mal executado, podem quebrar seu negócio rapidamente.
Nessa nossa conversa, você vai entender um pouco mais quais são os Prazos Médios que compõem o Ciclo Financeiro – CF (saiba mais sobre o CF aqui) , suas definições e forma de cálculo. Além disso, ao final, você será capaz de aplicar esses conceitos na sua empresa de acordo com o seu mercado.
Vamos lá então?
Prazos Médios: O que são?
Prazo médio é um indicador obtido através de uma média aritmética que reflete um período decorrido no tempo. Para o nosso caso, o prazo médio sempre será definido em dias e é obtido através da análise dos relatórios contábeis.
Organização Financeira
Pela milésima vez, insisto que é importantíssimo ter a gestão financeira da empresa organizada com números que refletem a realidade. Sem isso, todas as análises serão prejudicadas!!!
Quais são os Prazos Médios?
Com relação ao Ciclo Financeiro, que é o que nos interessa aqui, temo três prazos importantíssimos para a saúde financeira da empresa. São eles:
- Prazo Médio de Pagamento (PMP) – Prazo de pagamento que a empresa recebe dos fornecedores
- Prazo Médio de Recebimento (PMR) – Prazo fornecido aos clientes nas vendas de mercadorias ou serviços
- Prazo Médio de Estoque (PME) – Prazo de estocagem das mercadorias na empresa
Prazos Médios de Pagamento (PMP)
Quando você faz a compra de uma mercadoria ou insumo para a sua empresa, é aconselhável negociar além de preço, o prazo. Infelizmente muitos gestores não levam esse fator em consideração.
É muito importante ter em mente que esse prazo influencia diretamente a Necessidade de Capital de Giro da Empresa (NCG) e em minha opinião, é um dos itens mais subestimados pelo empresário. Porém, o PMP é um dos fatores da equação que pode gerar uma boa redução da NCG, se bem negociado.
O PMP é um indicador expressa quantos dias, em média, a empresa demora para pagar seus fornecedores é calculado da seguinte forma:
PMP = (Fornecedores/Compras) x 360
Quanto maior for o PMP, melhor para a o seu negócio.
Prazos Médios de Recebimento (PMR)
Por outro lado, quando você vende a sua mercadoria ou serviço à prazo, você está financiando o seu cliente. Esse prazo de financiamento em dias é o PMR. Ele é outro indicador que expressa quantos dias, em média, a empresa demora para receber de seus clientes.
O PMR é calculado da seguinte maneira:
PMR = (Contas a Receber/Receita Líquida) x 360
Quanto menor for o PMR, melhor para a o seu negócio.
Prazos Médios de Estocagem (PME)
Já o PME, indica quanto tempo se passa entre a entrada da mercadoria no estoque e a sua venda. É um indicador que expressa quantos dias, em média, a empresa demora para renovar o seu estoque.
O PME é calculado da seguinte forma:
PME = (Estoque/CMV) x 360
Quanto menor for o PME, melhor para a o seu negócio.
Pronto e agora? Como eu uso esses indicadores?
Depois de ter calculado os Prazos Médio da sua empresa, você pode entender qual é o seu Ciclo Financeiro.
Definido o CF, você vai entender quantos dias você precisa ter de capital de giro para suportar a sua operação. Além disso é possível analisar os indicadores e perceber se existe algum desequilíbrio entre eles. Por exemplo:
Ter um PMP de 10 dias, PME de 60 dias e um PMR de 90! Isso pode gerar uma pressão gigantesca sobre o Capital de Giro levando o negócio para a insolvência. A empresa está desembolsando recursos rapidamente (10 dias) que só serão recebidos lá na frente (90 dias). Além disso, o giro do estoque está alto (60 dias) e com certeza pode ser melhorado.
Neste caso, medidas devem ser tomadas para aumentar o PMP e diminuir ao máximo o PME e o PMR, trazendo a empresa para um patamar mais seguro de crédito.
Finalizando
Toda empresa precisa conhecer e monitorar os seus Prazos Médio, eles são a base do Ciclo Financeiro que por sua vez é fundamental para determinar a Necessidade de Capital de Giro.
Um dos principais sintomas na empresa que é possível observar quando existe o desequilíbrio entre esse indicadores, é o desconto regular de duplicatas. Se isso ocorre regularmente na empresa, é sinal de que talvez seja necessário rever essa relação.
Domine esse indicadores e reveja, se necessário, as suas políticas de crédito e de estocagem.
Quando possível, renegocie com fornecedores os prazos dos pagamentos. Se você já tem um histórico de bom pagador, force a negociação e alongue ao máximo esse indicador. Quem não chora não mama!
De acordo com as características do seu mercado, reduza o que for viável do prazo de recebimento. Forneça descontos e incentive as compras a vista ou com poucas parcelas. É melhor um pássaro na mão do que dois voando!
Por fim, jamais se esqueça de controlar o estoque. Estoque parado é Capital de Giro empatado. Compre bem e daquilo que vende. Não adianta ter um estoque cheio de coisas que ninguém quer!
Beleza?
Mas se você ainda ficou com alguma dúvida sobre esse assunto, escreva aí nos comentários que eu vou tentar responder o que for possível.
Forte Abraço!
